Luiz Guilherme Gerbelli
Da antiga instalação da Companhia União dos Refinadores, na Mooca, zona leste, só restou a chaminé. E, agora, ela terá de permanecer intacta. A decisão pelo tombamento foi publicada nesta quinta-feira, 26, no Diário Oficial da Cidade.
Os antigos galpões da companhia, que tomavam conta do terreno, foram demolidos e depredados antes do início da avaliação do processo de tombamento de toda a fábrica, em 2008. Dessa forma, segundo a Secretaria Municipal de Cultura, foi impossível avaliar todo o conjunto. A decisão do órgão de tonar a chaminé um bem cultural só foi tomada no início deste mês pelos membros do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). O tombamento determina que qualquer construção, a partir de agora, prevista em um raio de 15 metros, deverá ser aprovada pelo Conpresp.
No terreno vago, a construtora Cyrela já trabalha em um empreendimento imobiliário. Intitulada de Luzes da Mooca, a construção, segundo a empresa, preservará a chaminé. Por meio de nota, a companhia informou que a manutenção do patrimônio é “de extrema importância” e prometeu “restaurá-lo e integrá-lo ao projeto de forma harmônica”. O tipo de empreendimento que será construído no local será conhecido somente no próximo mês. Ontem, cerca de 15 homens já trabalhavam no terreno. A chaminé permaneceu cercada por uma proteção de alumínio, mas o topo dela estava pichado.
A notícia do tombamento foi recebida com alívio pelos moradores do entorno da antiga fábrica. “É um marco da época. A empresa era um símbolo da industrialização da Mooca”, disse o engenheiro aposentado Antônio Ferraz Neto, de 69 anos. Ele classifica como “assustadora” a mudança que a Mooca atravessa, de substituição de prédios históricos por novos empreendimento imobiliários. “Aqui na minha rua, com o novo prédio, ficará muito difícil de estacionar o carro”, prevê.
Para o aposentado Francisco Patroni, de 78 anos, a chaminé representa “uma lembrança do passado”. Na visão dele, a preservação dela é mais importante do que a dos galpões. “Era o símbolo da indústria da época.”
História
A Mooca foi um das primeiras regiões da cidade a enfrentar o processo de industrialização, que teve início no final do século 19. A região se tornou atrativa pela proximidade com a antiga ferrovia Santos-Jundiaí, então responsável pelo escoamento da produção cafeeira para o litoral paulista. Por essa proximidade, as empresas, movidas a carvão, se instalaram na Mooca e, por isso, construíam várias chaminés. Dessa forma, é comum encontrá-las espalhadas pelo bairro, como no terreno da antiga Companhia Antarctica Paulista.
A Mooca foi um das primeiras regiões da cidade a enfrentar o processo de industrialização, que teve início no final do século 19. A região se tornou atrativa pela proximidade com a antiga ferrovia Santos-Jundiaí, então responsável pelo escoamento da produção cafeeira para o litoral paulista. Por essa proximidade, as empresas, movidas a carvão, se instalaram na Mooca e, por isso, construíam várias chaminés. Dessa forma, é comum encontrá-las espalhadas pelo bairro, como no terreno da antiga Companhia Antarctica Paulista.
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