2 de jul. de 2010

Opinião: Aconteceu aquilo que todo mundo temia


Opinião: Aconteceu aquilo que todo mundo temia

Foto: Fabrice Coffrini/AFPZoomDunga se lamenta na derrota para a Holanda
Dunga se lamenta na derrota para a Holanda

Ricardo Anderáos, enviado do eBand

randeraos@eband.com.br


Aconteceu aquilo que todo mundo temia. Não a eliminação, porque ela faz parte do jogo. O que nós temíamos era a eliminação por falta de gana, por falta de vontade de atacar, por falta de talento para ser Brasil, para ser moleque.  Tivemos o jogo na mão no primeiro tempo. Bastava ter gana, bastava de ter vontade de atacar, bastava ser Brasil, bastava ser alegre e moleque e destruir o adversário com uma chuva de gols. Mas a filosofia Dunga não é a da alegria, e sim a da contabilidade.

Aconteceu aquilo que todo mundo temia. Não a derrota, porque ela faz parte do jogo. O que nós temíamos era a derrota sem ímpeto, a derrota sem sangue, sem ser Brasil, sem ser criativo. A Holanda virou o jogo no segundo tempo. Para reverter essa situação precisávamos de ímpeto, de sangue e criatividade. Mas o mantra de Dunga não é a criatividade, e sim a contabilidade.

Aconteceu aquilo que todo mundo temia. Ficamos atrás no marcador depois de um erro bobo, um gol contra de Felipe Melo, e precisávamos de calma para retomar o controle da partida e a dianteira no placar. Mas a calma não foi cultivada nesse grupo. Kaká, por exemplo, levou mais cartões nessa Copa do que nas duas últimas temporadas. O estilo Dunga não é a calma, e sim a contabilidade da botinada, o bateu, levou. E o próprio Felipe Melo selou nosso destino ao pisar estupidamente em Robben, que estava no chão, e ser expulso.

Aconteceu aquilo que todo mundo temia. Faltava pouco tempo para o jogo acabar, estávamos atrás no marcador e precisávamos de um atacante com gana, que liderasse o grupo, que fosse atrevido e surpreendente. Mas o banco do Brasil não oferecia essa alternativa. Mas o espírito de Dunga não gosta de surpresas, e sim de mais do mesmo. Só que nós não queremos mais do mesmo. Queremos gana, vontade de atacar, talento, molecagem, calma, atrevimento e surpresa. Nós queremos que este 2 de julho de 2010 marque, de uma vez por todas, o fim da era Dunga no futebol brasileiro.

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