14 de jan. de 2011

Cidades serranas atingidas pela tragédia enfrentam ondas de pânico e ameaças de saque


Carros destruídos numa das áreas mais atingidas na região de Teresópolis, Rio de Janeiro - 13/01/2011

No terceiro dia da tragédia que atingiu a Região Serrana do Rio, as cidades devastadas entram na fase do desespero, com escassez de água, comida e ondas de pânico. Em Nova Friburgo, pouco antes das 11h desta sexta-feira, o boato de estouro de uma represa provocou o início de uma evacuação em massa do centro da cidade. O que era um grupo de pessoas correndo, avisando sobre o que poderia ser mais uma avalanche sobre a cidade, evoluiu para uma confusão de carros na contramão, pessoas se atirando nas caçambas de picapes de serviço e até policiais militares coordenando a fuga da cidade, na avenida que beira o Rio Bengala.
O boato – felizmente – não se confirmou, mas o descontrole evidenciou ainda mais o que pode ocorrer com uma população desassistida em todas as suas necessidades. A cena, acompanhada pela reportagem do site de VEJA, ocorreu sobre uma chuva intensa, que caiu durante a maior parte da manhã de sexta-feira. Com bueiros entupidos pela lama, a chuva foi o bastante para alagar ruas e cobrir até a altura dos pneus dos automóveis.
No mesmo horário em que Friburgo enfrentava uma onda de pânico pela ameaça de estouro da represa, em Teresópolis a ameaça eram os saques – ou, pelo menos, o pânico causado pelo medo de invasão das lojas e casas.
Em uma das principais avenidas do centro de Teresópolis, a Feliciano Sodré, a loja de conveniência de um posto BR teve que fechar as portas. A vendedora do estabelecimento, Tatiana Correa, 25 anos, viu passar um grupo de cerca de 20 pessoas correndo em frente ao posto e não quis arriscas. “Ouvimos várias histórias sobre saques. Vi pessoas correndo. Um cliente disse ter ouvido tiros. Outro disse ter visto pessoas com pedaços de pau na mão. Nessas horas, há muitos boatos, e ficamos sem saber até onde podemos ir com segurança”, disse.
O prefeito Jorge Mário, de Teresópolis, confirmou que houve dois assaltos que deflagraram a onda de medo de arrastões. Uma rádio local transmitia, pela manhã, um pedido de calma, feito por um oficial da Polícia Militar.
Cidade isolada – A queda das duas pontes que ligavam a cidade ao sul do estado, na cidade de Bom Jardim, começa a provocar pânico e medo de invasões. Pelo norte, a queda de barreiras impede a chegada de suprimentos, e os supermercados já não têm mais o que vender. Até hoje Bom Jardim não teve restabelecidas as linhas telefônicas e a energia elétrica. Também falta água, pois uma adutora da Cedae foi rompida com a força da água.
A cidade também enfrenta o permanente medo de um agravamento da tragédia. Na manhã desta sexta-feira, circulava entre os moradores o boato de rompimento da barragem de Riograndina, o que causaria mais alagamentos. Alguns ppoucos pontos de acesso à internet por rádio são a única comunicação de Bom Jardim com o resto do mundo.
(Com reportagem de Leo Pinheiro e Rafael Lemos, de Nova Friburgo e Teresópolis)

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