15 de jan. de 2011

Em Friburgo, 80 vítimas são enterradas sem identificação



Caixões na escola de samba Unidos da Saudade: 80 corpos sem identificação (Jadson Marques/O Globo)
Caixões na escola de samba Unidos da Saudade: 80 corpos sem identificação (Jadson Marques/O Globo)
Entre as muitas urgências nas cidades atingidas pela tragédia das chuvas na região serrana do Rio está a de sepultar os mortos. Quatro dias depois da enxurrada que revirou Nova Friburgo, não há mais como esperar pelo reconhecimento de muitas das vítimas. Na manhã desta sexta-feira, caminhões do Exército começaram a recolher 80 corpos que estavam acumulados na quadra da escola de samba Unidos da Saudade, em Conselheiro Paulino. Depois da coleta de material para um possível reconhecimento por DNA, todos serão sepultados como indigentes no cemitério Trilho do Céu, no mesmo bairro.
A situação na quadra das escola de samba, que também reúne famílias desabrigadas, é dramática. O odor nauseante dificulta o trabalho dos militares e bombeiros que atuam na triagem de corpos. A quadra da agremiação, por sua localização e pelo espaço amplo, acabou transformada, no primeiro dia, em ponto de assistência de feridos e desabrigados. Com o encaminhamento para outros abrigos, o galpão evoluiu para um depósito de corpos.
Nas áreas isoladas, a solução é enterrar no quintal os parentes e vizinhos que não resistiram ao desastre. A promotora de Justiça  Anaiza Helena Malhardes Miranda, de Teresópolis, explicou ao site de VEJA que, no município, há quase 200 pontos de ocorrência de deslizamento, muitos com mortos e feridos. A demora na chegada de assistência, com a dificuldade que a Defesa Civil tem para desobstruir caminhos, moradores de áreas rurais estão improvisando covas rasas. A Força Nacional de Segurança vai atuar também na identificação de corpos para acelerar os sepultamentos.
Até a noite desta sexta-feira, as equipes de resgate contabilizavam 550 mortos nas cidades de Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto, na região serrana do Rio de Janeiro. Com 250 mortes, Nova Friburgo é até o momento o munícipio com o maior número de baixas, de acordo com a Defesa Civil. Teresópolis soma 238 mortes; Petrópolis, 43; Sumidouro, 19 e São José do Vale do Rio Preto, que entrou na lista de cidades com óbitos nesta sexta-feira, 4.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, decretou luto oficial de sete dias pelas vítimas do desastre. O decreto nº 42.800 entra em vigor na segunda-feira, 17 de janeiro.
(Por Leo Pinheiro, de Nova Friburgo)

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