A Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos vê na visita do presidente americano, Barack Obama, o ponto de partida para uma relação estratégica nas áreas petrolífera e de produção agropecuária e para a absorção de alta tecnologia dos EUA pela indústria brasileira. A expectativa do meio empresarial se justifica pela comitiva que acompanhará o presidente dos EUA. Obama viajará com os secretários de Comércio, Gary Locke, de Energia, Steven Chu, e do Tesouro, Timothy Geithner, além da diretora da Agência de Proteção Ambiental, Lisa Jackson, do representante dos EUA para o Comércio, Ron Kirk, e do presidente do Export-Import Bank, Fred Hochberg.
Tasso Marcelo/AE
Só alegria. Moradores querem dar recepção calorosa ao americano, que verá apresentação de crianças e jovens da Cufa
Por tradição, os presidentes americanos raramente levam consigo os secretários em suas visitas ao exterior. Nos cinco eventos empresariais agendados em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, os focos serão as possibilidades de negócios nos setores de energia (petróleo e biocombustíveis), de infraestrutura (obras para a Copa do Mundo, Olimpíada de 2016) e de serviços financeiros, para financiar todos esses projetos.
A Casa Branca vincula sua perspectiva de criar uma relação econômico-comercial mais intensa entre EUA e Brasil ao ambiente gerado pela sucessão presidencial no País.
Questionado sobre o desgaste provocado pela atuação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) na questão nuclear do Irã, no ano passado, o conselheiro adjunto para Assuntos Econômicos Internacionais da Casa Branca, Mike Froman, desconversou. "Não vou comentar sobre o Irã", afirmou. "Vou só dizer que a eleição da presidente Dilma Rousseff nos deu uma oportunidade de abordar o novo governo e de ter certeza de que nós estamos caminhando para um bom começo na área econômica e em outras áreas."
Froman acentuou a relação entre a visita de Obama ao Brasil e a necessidade de recuperação econômica mais forte dos Estados Undios via aumento de exportações. Conforme afirmou, os embarques de produtos americanos ao Brasil cresceram 35% em 2010, e responderam por 25 milhões de postos de trabalho no país. Froman não mencionou o fato de os Estados Unidos terem sido recentemente ultrapassados pela China como maior parceiro comercial do Brasil.
Comitiva. Entre as empresas americanas confirmadas nesses encontros empresariais estão o Citibank e a construtora Aecom.
Ron Kirk será o único secretário a permanecer no Brasil, depois da partida de Obama para o Chile, para conduzir dois eventos em São Paulo no dia 21: na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e na sede da Câmara de Comércio.
O meio empresarial trabalha ainda com a perspectiva inusitada de início de negociação bilateral sobre o livre comércio nos próximos anos. "A ausência de acordos bilaterais significativos a serem assinados em Brasília não quer dizer que a visita será irrelevante", afirmou Gabriel Rico, presidente da Câmara de Comércio Brasil-EUA, referindo-se à passagem de Obama ao Brasil nos dias próximos 19 e 20. "Os dois presidentes vão criar um novo ambiente para a relação bilateral e para os negócios. Será histórico."
Caças. O principal lobby do presidente americano em Brasília será em favor da escolha dos caças F-18 Super Hornet, da Boeing, pela Força Aérea Brasileira (FAB) no processo de compra FX2. O presidente da companhia, Jim McNerney, deverá acompanhar a visita de Obama, que terá a oportunidade de tratar do tema em três encontros com Dilma Rousseff no sábado.
Tanto o governo quanto o setor empresarial americano entenderam a decisão de Dilma de suspender o FX2 neste ano, por razões orçamentárias, como um meio de desfazer o acordo de setembro de 2009 com a França.
Obama tem a seu favor a necessidade da indústria brasileira de absorver de novas tecnologias - algo a ser proporcionado em algum grau por uma possível joint venture entre Embraer e Boeing para a fabricação dos caças no Brasil. Na Câmara de Comércio, a expectativa é de a Casa Branca oferecer uma transferência mais ampla de tecnologia, de forma a contentar o Brasil, e negociar com o Senado americano um meio de restringir sua interferência no contrato. Uma alternativa seria o uso da mesma base legal para os acordos de venda de armas dos EUA para o Egito, a Arábia Saudita, Israel e Taiwan, renovados periodicamente pelo Senado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário