9 de mar. de 2011

Vitória de Roberto Carlos e do carnaval tradicional



A festa na Apoteose: escola acumula 12 títulos
A festa na Apoteose: escola acumula 12 títulos
O carisma e o prestígio do cantor Roberto Carlos renderam à Beija-Flor mais um título para sua extensa coleção. O histórico da escola de Nilópolis é invejável. Já são sete troféus nos últimos 14 anos – período que coincide com a implementação da comissão de carnaval comandada pelo diretor Laíla. A julgar pelas notas, os jurados consideraram que o desfile beirou a perfeição. Descartadas as maiores e menores notas, no fim das contas, foram 299,8 pontos – apenas dois décimos abaixo da pontuação máxima.
Apesar de a Beija-Flor estar entre as favoritas, a vitória sobre a Unidos da Tijuca, do carnavalesco Paulo Barros, surpreendeu – pelo menos do ponto de vista da impressão que se tem da reação do público na Avenida. A surpresa vem menos pelo resultado em si, mais pela forma como ele se deu. A apresentação da Beija-Flor ficou aquém do que a escola costuma apresentar, o que foi explicado em parte logo após o desfile. Ainda na dispersão, o principal carnavalesco da agremiação, Alexandre Louzada, anunciou sua demissão, alegando que foi alijado do desenvolvimento do carnaval desse ano. Ao longo de 2010, ele se desentendeu com o todo poderoso Laíla, e a corda arrebentou do lado mais fraco.
A aflição da torcedora da Tijuca: jurados rejeitaram a inovação (AG.OGlobo)
A aflição da torcedora da Tijuca: jurados rejeitaram a inovação (AG.OGlobo)
Louzada chegou à Beija-Flor em 2007, com a missão de reinventá-la plasticamente. Antes dele, o ‘cérebro’ das concepções estéticas da comissão de carnavalescos da escola era Cid Carvalho, que atualmente está na Mocidade. Louzada estava com prestígio após conquistar um campeonato surpreendente em 2006 pela Vila Isabel, escola que retornara do Grupo de Acesso havia apenas dois anos. Num primeiro momento, a parceria funcionou, resultando no bicampeonato 2007-2008. Mas a vitória da Tijuca no ano passado abalou as estruturas da Beija-Flor. Era preciso fazer algo. Como competir com um conceito totalmente novo e surpreendente como o de Paulo Barros?
A saída foi apostar as fichas no maior ídolo do país. O caminho escolhido foi sinalizado pelo título do enredo: ‘A Simplicidade de um Rei’. No entanto, Beija-Flor e simplicidade são coisas incompatíveis. A estética da escola na Avenida oscilou entre o sofisticado e o piegas, e, por isso mesmo, pareceu confusa. A ausência de Louzada ficou evidente nas alegorias. Já as fantasias, que contaram com a participação do carnavalesco, foram as mais bonitas deste ano no Grupo Especial. O corpo de jurados da Liesa acabou chancelando o visual da escola de forma surpreendente: a escola só tirou notas 10 nos quesitos Alegorias e Adereços, Fantasias e Conjunto.
Diferença de pontos foi recorde – Com o sistema de eliminação da maior e da menor nota de cada quesito, a Beija-Flor passou quase incólume pelo crivo dos 50 jurados. No fim das contas, só perdeu um décimo em Casal de mestre-sala e porta-bandeira e outro em samba-enredo. A distância para a segunda colocada e favorita Unidos da Tijuca foi assutadora: 1,4 ponto. É a maior diferença de pontos da era do julgamento por décimos, que teve início em 2002.
Para quem assistiu aos dois desfiles, é difícil entender tamanha disparidade entre Beija-Flor e Unidos da Tijuca. As duas escolas construíram uma sólida rivalidade ao longo dos últimos anos. Em 2004, a Tijuca foi vice-campeã na estreia do carnavalesco Paulo Barros no Grupo Especial. Aquele carnaval ficou marcado pelas inovações de Barros, como o carro DNA. Mesmo assim a campeã foi a Beija-Flor.
Naquela época, no entanto, o cenário era diferente. Pequena e com poucos recursos, a Tijuca era uma espécie de zebra na competição. De lá para cá, a escola se estruturou e chegou para o carnaval deste ano com um orçamento de 10 milhões de reais. A Tijuca fez um desfile impecável, praticamente sem falhas. Mesmo assim foi bastante castigada pelos jurados. O resultado indica, além do resultado do desfile em sim, a vitória de um modelo de carnaval: o tradicional.
Rafael Lemos, do Rio de Janeiro

Um comentário:

  1. Vergonhoso, lamentável resultado, o povo quer espetáculo, algo inovador,um basta as mesmices.

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