12 de fev. de 2010

SAMBAS-ENREDO DAS ESCOLAS DE S.PAULO: Analise












Nós, da Redação Yahoo!, fizemos uma breve análise de cada um dos sambas-enredo que serão cantados no Anhembi. Confira:

Imperador do Ipiranga abre o desfile contando a história da medicina. A ideia é simples: mostrar sua evolução da antiguidade até os dias de hoje, com o que há de mais moderno em tecnologia. Para ir acostumando os ouvidos à mesmice predominante dos sambas-enredo de hoje, dê uma olhada nestes versos e veja como palavras são jogadas a esmo: "Célula-mãe é esperança de um novo alvorecer / A mão divina conduz os anjos da salvação / Sou a medicina, sublime é meu dom de curar / E no girar da coroa vou brilhar / O meu samba é arte, é paixão / Ipiranga é o berço da emoção".
Leandro de Itaquera vem com o objetivo de cantar suas cores, o vermelho e o branco, mas acaba viajando na batatinha. Tudo o que remete a vermelho vai para a avenida e a mistura, a julgar pelo samba-enredo, não parece legal. O Japão, o Taj Mahal, o espermatozoide e o óvulo são alguns dos temas, interligados por versos-chavões como "Vem desfilar / Se apaixonar / Extravasar de alegria" e um refrão que, bem, tente entender: "Kaô meu pai / Kaô...Kaô meu pai Xangô / Eparrei Oyá, Xeu Epa Babá...Oxalá".
Acadêmicos do Tucuruvi homenageia São Luiz do Maranhão, "terra abençoada pelo Criador", como diz o samba-enredo. Rimas batidas marcam presença, como "cidade" e "humanidade", e "memória" e "história." Previsível demais.
Mancha Verde conta a história do ensino - da Grécia Antiga ao método Paulo Freire, passando pelo sistema de educação chinês, personificado em Confúcio. Mas o refrão parece coisa de torcida organizada: "Eu bato no peito / Sou Mancha Verde até morrer". Quem não é palmeirense, não canta.
Unidos de Vila Maria vem com o enredo "A indústria que manipula o ferro é mãe de todas as outras". A ideia, claro, é contar a história do metal, tendo como destaque a Revolução Industrial. A letra é de gosto duvidoso, já que o trata como "uma dádiva do criador." Mas a grande pérola ficou reservada para o fim: "O ferro em expansão / te leva nessa emoção." De fato, é muito emocionante falar de uma matéria-priima da indústria. Demais.
Rosas de Ouro teve que mudar seu samba-enredo às vésperas do desfile por imposição da Rede Globo, que viu propaganda subliminar no tema "Cacau é show" - a emissora concluiu que havia uma remissão à rede de lojas de chocolates "Cacau Show". O samba-enredo virou um pequeno monstrinho: "Cacau: um grão precioso que virou chocolate e sem duvida, se transformou no melhor presente". E no refrão, o verso "Cacau é show" virou "Cacau chegou." Estranho, não?
Vai-Vai comemora 80 anos cantando sua própria história e também a expectativa em torno da próxima Copa do Mundo - afinal, samba e futebol sempre estiveram intimamente ligados. Sente o peso: "A voz do povo que ecoa da favela é Mandela / O mundo foi jogando na retranca / O futebol a única esperança / A democracia e a globalização".

Águia de Ouro abre a segunda noite com uma homenagem a Ribeirão Preto, uma das cidades mais ricas do interior paulista. O enredo fala dos imigrantes nas lavouras de café, do cidadão mais ilustre da cidade, Santos Dumont e da explosão do agronegócio na região. Por isso, a letra fala em "Ora yê yêo, mamãe Oxum" e também em "sob o céu de Paris / Marcou o tempo no 14 BIS."
Tom Maior canta os 50 anos de Brasília. O samba-enredo não fala de política (o que é bom) e vai no caminho certo, exaltando o projeto arquitetônico da capital federal, o seu surgimento no meio do nada e sua perspectiva de crescimento: "Das mãos dos artistas eu ganhei / A imagem da modernidade / Um Eldorado eu sou / Com um futuro de prosperidade". Tem grande chance de conseguir notas altas dos jurados.
O enredo da Mocidade Alegre é, disparado, o mais abrangente: "Da criação do Universo ao Sonho Eterno do Criador". Com tanta coisa em jogo, seria fácil errar a mão. Duvida? Dá uma olhada no refrão: "Num ritual de fé / Na força do orixá... Yabá ? Oraye Yê-o Mamãe Oxum / Reluzindo no meu caminhar". Ave.
X-9 Paulistana canta a herança portuguesa na nossa cultura. Claro, o índio não poderia ficar de fora - afinal, é o personagem mais recorrente dos desfiles. "E o índio ele encontrou / E difundiu novas culturas A miscigenação então surgiu / Salve a Pátria mãe gentil."
No ano do Centenário do Corinthians, o tema escolhido pela Gaviões da Fiel não poderia ser outro. É mais um samba-enredo que parece grito de torcida: "É mais que um caso de amor / Na alegria, ou na dor religião / Um sentimento que invade a alma / E não tem explicação."
Império da Casa Verde também vai homenagear uma cidade do interior paulista: Itu, que tem fama nacional de ser a terra dos exageros. Segundo os autores do samba-enredo, Itu também é conhecida como a "Roma Brasileira", devido ao grande número de igrejas e da arquitetura sacra na cidade. "Toda louvação à Santa Sé / Devoção, respeito e muita fé", diz o samba-enredo.
Pérola Negra fecha o desfile falando de cultura brasileira, em especial a vida no interior, com viola e sanfona, tendo como personagem principal o apresentador da TV Cultura Rolando Boldrin e seus "causos". A ideia é boa. Mas, pra não destoar das demais, a escola também vem com a batida rima de "coração" com "emoção." Ê, laiá.

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