13 de fev. de 2009

NÚMERO DE PLÁSTICAS DE MAMA ULTRAPASSA O DE LIPOASPIRAÇÕES NO BRASIL



Em quatro anos, o número de cirurgias estéticas de mama (aumento e redução) ultrapassou o de lipoaspirações no Brasil, segundo pesquisa Datafolha encomendada pela SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica). De um total de 629 mil procedimentos de médio e grande porte feitos em 2008, 151 mil foram de mama e outros 91 mil, de lipoaspiração.

Em 2004, no último levantamento da SBCP, as lipos totalizaram 198.137, e as cirurgias de mama, 117.759. No total, foram 616.287 cirurgias. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de cirurgias plásticas --só perde para os EUA.

Uma das explicações da entidade para a queda das lipos nas estatísticas é que muitas cirurgias passaram a ser feitas por médicos que não são cirurgiões plásticos --cirurgiões gerais, por exemplo, podem fazê-las.

A não-especialização tem sido apontada como uma das causas das complicações na lipoaspiração. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, dos 289 médicos processados na área estética de 2001 a 2008, 283 não eram especialistas em cirurgia plástica.

Na avaliação do presidente da SBCP, José Tariki, o crescimento das cirurgias de mama, em relação à lipoaspiração, é explicado, em parte, por uma maior confiança na técnica.

"As próteses avançaram muito. O gel [de silicone] não é mais líquido, o que impede que ele invada outras áreas do corpo. Com isso, as pacientes que tinham medo começaram a procurar [pela cirurgia]", afirma.

A pesquisa mostrou que o cirurgias de aumento dos seios são 74% mais frequentes do que as de redução --96 mil contra 55 mil.

"O conceito era que brasileiro gostava de mama pequena e bumbum grande. Hoje, ter mama grande deixou de ser problema. Na década de 90, só 10% das cirurgias de mama eram de aumento enquanto 90% eram de redução", diz Tariki.

"Estamos vivendo uma americanização do padrão e do gosto por seios volumosos", emenda o cirurgião plástico Paulo Roberto Leal, diretor científico da SBCP e chefe do serviço de cirurgia reconstrutora do Inca (Instituto Nacional de Câncer).

A analista financeira Andreza Ribeiro Lima, 26, implantou 300 ml de silicone em cada seio em dezembro, estimulada pelas amigas e pela irmã, todas "siliconadas". "Não me sentia bem com decotes. Agora, meu sutiã saltou do número 40 para o 44. Tô amando", afirma ela.

Cirurgias reparadoras

A pesquisa Datafolha também traçou, pela primeira vez, um perfil das cirurgias plásticas reparadoras, que totalizam 172 mil por ano --31% do total.

Os tumores (principalmente o de pele e o de mama) são responsáveis por 43% (74 mil) dos procedimentos, seguidos pelos acidentes urbanos (13%).

A maioria das cirurgias reparadoras (81%) é feita em hospitais públicos, mas há longas filas de espera. No Inca, por exemplo, que realiza em média 1.200 cirurgias por ano, elas demoram de três a quatro meses.

"A procura é muito grande porque somos um centro de referência. A maioria dos hospitais públicos não tem profissionais qualificados", diz o cirurgião Paulo Leal.

Colaboraram FERNANDA BASSETTE e RACHEL BOTELHO, da Folha de S.Paulo

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