18 de mar. de 2010

Escritora encarna personagem e passa 7 dias dentro de um quarto



QUA, 17/03/10
POR REDAÇÃO ÉPOCA |
Paula-ParisotDurante sete dias e sete noites, a escritora Paula Parisot ficou presa em um pequeno quarto de acrílico. Ela recebia comida por uma pequena porta e precisava sair escoltada para ir ao banheiro. Durante esse tempo, ela não falou com ninguém, mas viveu em seu próprio mundo de fantasia, dançando, gritando e escrevendo.
A cena faz parte de uma mistura de literatura, teatro e reality show idealizada pela escritora para o lançamento de seu segundo livro, Gonzos e parafusos, romance sobre uma psicanalista obcecada pela Baronesa Elizabeth Bachofen-Echt, modelo do pintor Gustav Klimt. Paula resolveu encarnar o papel e se mudou para o pequeno quarto, instalado em uma livraria.
Fui conferir o último dia dessa performance, antes de Paula se livrar do personagem e encarar a vida real de novo. A Baronesa estava de bom humor. Ela cantava, encarava clientes nos olhos e posava para fotos. Até trocou alguns beijinhos com sua avó, Dila Seabra. “Muito corajosa, essa menina!”, dizia a vó coruja, que veio do Rio de Janeiro para ver a atuação da neta. “Estou muito orgulhosa”, não parava de dizer.
Mas a ideia de Paula não atraiu só os familiares (ainda que eles estivessem sempre presentes). Além dos clientes que iam e vinham, até mesmo seu recluso mestre, Rubem Fonseca, resolveu passar na livraria e alimentar a pupila.
Durante esse tempo todo, Paula escreveu e desenhou muito: nas paredes, no chão, em folhas e cadernos. O editor do livro, Pascoal Soto, diz que esse material vai ser aproveitado: “Talvez seja um diário, talvez um livro de memórias ou uma graphic novel”, disse. O fato é que sua atuação e produção encantaram. “Ela deu sentido a essa necessidade de ver e ser visto”, disse Paula Ribas, atriz e professora que tirou a tarde para assistir à performance.
Acho que a experiênca pela qual ela passou é incrível. Em pleno Saint Patrick’s Day, com The Corrs tocando no som ambiente da loja, a escritora viveu algo diferente. É como ela mesmo escreveu na parede: “no fundo, sou eu que assisto a todos”.
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(André Sollitto)

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