15 de fev. de 2009

A DIFÍCIL LUTA PARA LARGAR DE FUMAR


Por Fabiana Caso

Um dado que impressiona, principalmente quem não fuma: 80% dos ex-fumantes dizem que largar o vício foi o maior desafio de suas vidas. A empreitada é até pior para as mulheres, pois, além da dependência química, elas costumam ter uma relação afetiva com o cigarro. Veem nele um companheiro e um remédio para contrabalançar o estresse, tristezas e frustrações. Ainda por cima, são mais suscetíveis à depressão, que pode ser desencadeada tanto pelo hábito de fumar como pelo abandono do vício.

Felizmente, elas não são maioria na população fumante hoje, no Brasil: representam de 12% a 15%, contra a faixa de 22% a 24% de tabagistas homens. No entanto, os médicos dizem que eles somam um maior número de ex-fumantes. Ou seja, pelo que sugerem os dados, as mulheres têm maiores dificuldades para largar o cigarro. A boa notícia é que há novos medicamentos e combinações para quem quer dar um basta ao vício, além de profissionais capacitados.

Foi-se o tempo em que a responsabilidade toda era jogada nas costas do fumante: ninguém mais diz que é preciso apenas força de vontade para abandonar o cigarro. "Esta é uma ciência em construção", comenta o pneumologista Sérgio Ricardo Santos, coordenador do programa PrevFumo, do Ambulatório de Tabagismo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que oferece atendimento gratuito para fumantes (paga-se apenas os medicamentos). E 60% dos pacientes são do sexo feminino.

Depois de uma entrevista para saber o grau de dependência e perfil da pessoa, define-se o tratamento. Pode-se usar um remédio específico ou adesivos de reposição de nicotina. "No grupo, eles aprendem habilidades para parar de fumar. Também tiram dúvidas e trocam experiências", esclarece o pneumologista. O PrevFumo atende de 600 a 800 pacientes por ano, e a taxa de sucesso é de 60%.

O coordenador salienta que um dos principais desafios para as mulheres pararem de fumar é vencer a depressão, mal que acomete 20% da população feminina. No programa, avalia-se a propensão a essa doença. "Muitas mulheres deprimidas fumam para tratar a depressão, porque a nicotina é um antidepressivo", explica. "É um péssimo remédio, mas alivia os sintomas. Quando param de fumar, a depressão volta." Por outro lado, há situações em que a depressão é desencadeada pelo tabagismo. "A nicotina causa um desequilíbrio de neurotransmissores, entre eles, a serotonina. Isso pode causar ou tratar a depressão, dependendo do caso."

Por esse motivo, explica o médico, geralmente consegue-se maiores taxas de sucesso entre as mulheres quando se usa medicamentos com ação antidepressiva, como os que contêm bupropiona. O pneumologista acrescenta que a vareniclina - componente de um novo medicamento que age nos receptores de nicotina do cérebro e libera uma pequena quantidade de dopamina, que proporciona uma sensação de prazer - também tem alta de taxa de sucesso entre elas. "De maneira geral, o homem busca apenas prazer no cigarro. Já a mulher procura uma forma de enfrentar os problemas."

Há, ainda, a questão da vaidade. Por um lado, o cigarro causa palidez, menor tonicidade cutânea, mau cheiro e dentes amarelados. Mas, por outro, pode acarretar ganho de peso quando há abandono do vício. "Geralmente, engorda-se em torno de 3 a 4 quilos, porque o corpo gasta muita energia para lutar contra o cigarro", diz. "Mas quando se trata a dependência com acompanhamento médico, o ganho é de 1,5 a 2 quilo

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