9 de mar. de 2009
OBAMA SUSPENDE RESTRIÇÕES A ESTUDO COM CÉLULAS-TRONCO
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, suspendeu nesta segunda-feira as restrições ao financiamento federal de pesquisas com células-tronco embrionárias, contrariando os que lutam contra o aborto, mas alimentando esperanças entre os que acreditam na possibilidade de tratamento para várias doenças.
"Vamos retirar o veto ao financiamento de pesquisas com as promissoras células-tronco embrionárias", disse Obama em cerimônia na Casa Branca. "Nós também vamos apoiar fortemente os cientistas envolvidos nessas pesquisas", afirmou.
A notícia provocou alta grande das ações de empresas especializadas em pesquisas com células-tronco. Em um momento, as ações da Geron Corp subiram 35 por cento e as da StemCells Inc, 73 por cento. Também tiveram altas as ações de outras firmas relacionadas.
A decisão representou o repúdio claro à abordagem do predecessor de Obama, George W. Bush. As leis americanas limitam o uso de verbas federais para a produção de células-tronco humanas, mas Bush aumentou mais ainda as restrições, para abranger o trabalho com essas células.
Bush foi acusado de basear sua decisão em política e religião, em lugar de ciência. De modo geral, os conservadores religiosos partidários de Bush se opõem às pesquisas com células-tronco embrionárias porque elas envolvem a destruição de embriões, algo que consideram ser vida humana.
"OPÇÃO FALSA"
Obama rejeita esse ponto de vista. "Quando se trata das pesquisas com células-tronco, em lugar de fomentar as descobertas, nosso governo forçou o que acredito ser uma opção falsa entre ciência e valores morais."
"Como pessoa de fé, acredito que todos devemos cuidar uns dos outros e trabalhar para aliviar o sofrimento humano. Acredito que nos foi dada a capacidade e a vontade de levar essa pesquisa adiante --e a humanidade e consciência necessárias para fazê-lo de modo responsável."
A legislação norte-americana proíbe o uso de verbas federais para a obtenção de células-tronco embrionárias. A nova medida de Obama permite financiamento federal para os pesquisadores que trabalham com essas células, derivadas de outros laboratórios.
Pesquisadores e ativistas foram convidados para a cerimônia na Casa Branca em que Obama fez o anúncio, segundo Melody Barnes, que dirige o conselho de políticas internas de Obama.
Assessores disseram que Obama não ditará detalhes sobre a supervisão das pesquisas com células-tronco, mas dará aos Institutos Nacionais de Saúde o prazo de 120 dias para apresentar diretrizes.
"Não empreenderemos essa pesquisa de modo irresponsável", disse Obama. "Vamos desenvolver diretrizes rígidas que vamos implementar com rigor, porque não podemos tolerar abusos ou usos equivocados."
Alguns cientistas acusam Bush de ter sacrificado as pesquisas científicas e subvertido descobertas científicas para agradar a sua base política e religiosa conservadora - não apenas com relação às células-tronco, mas também à política das mudanças climáticas, energética e questões ligadas à reprodução e fim da vida.
Obama também assinou um memorando presidencial ordenando ao chefe do Escritório da Casa Branca para a Política de Ciência e Tecnologia a realizar uma estratégia para "devolver a integridade científica ao processo decisório do governo".
Os Institutos Nacionais de Saúde vão levar em consideração diretrizes da Academia Nacional de Ciências e da Sociedade Internacional de Pesquisas com Células-Tronco, disse o Dr. Harold Varmus, ex-diretor dos Institutos que é também presidente do Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, em Nova York, e assessor de Obama.
Especialistas em células-tronco concordam que todos os tipos de células-tronco devem ser desenvolvidas, mas não está claro quais delas oferecem o melhor caminho para um novo tipo de terapia chamado medicina regenerativa, na qual espera-se que médicos consigam substituir células cerebrais destruídas pelo mal de Alzheimer, reverter defeitos genéticos como a fibrose cística e fazer espinhas dorsais quebradas crescerem outra vez.
Por David Alexander
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