26 de ago. de 2009

GAME BEATLES: Tudo o que você precisa é jogar!

Tudo o que você precisa é jogar
O dia 9/9/9 pode ficar marcado na história como o retorno dos Beatles – do mundo virtual para o real
LIVIA DEODATO
A data 9/9/9 da qual nos aproximamos pode soar mística para alguns, marqueteira para outros ou uma coincidência para a maioria. Mas essa combinação não simboliza apenas uma tríade mágica pela qual John Lennon era fascinado, como demonstrou na canção “Revolution 9”, do Álbum branco. A quarta-feira de setembro também anuncia a chegada deThe Beatles: Rock Band, um dos maiores lançamentos da indústria mundial dos jogos, que pretende redefinir a forma como ouvimos, sentimos e principalmente consumimos música. Haja simbolismo e esoterismo para tamanha missão.

Para uma banda que foi pioneira em tudo o que fez, dos cabelos moptop ao uso de cítara e cravo nas canções, nada mais natural que ela agora sirva de parâmetro para atestar a qualidade e a legitimidade de tudo o que veio depois dela. Foi assim quando os Beatles começaram a usar vários canais de gravação, e todo mundo seguiu. Ou quando excederam o limite do rock em três minutos. Ou ainda quando passaram a gravar videoclipes curtos para enviar às emissoras de televisão de todo o mundo, trocando assim as viagens promocionais por mais tempo dentro dos estúdios da Abbey Road. Até mesmo o CD só virou o suporte musical dominante quando todo o catálogo dos Beatles foi lançado nesse formato. Quarenta anos depois que “o sonho acabou”, pouca coisa mudou. Os Fab Four continuam endossando a revolução em curso, que nasce agora da interatividade virtual e pode novamente mudar a cara da indústria fonográfica.

 Divulgação
DATA MÁGICA
Lennon era fascinado pelo número 9, data do lançamento do game mais aguardado por seus fãs

Cerca de dois anos de dedicação de Giles Martin foram necessários para a criação do jogo The Beatles: rock band (US$ 250), que será lançado para as plataformas PlayStation 3, Xbox 360 e Wii. Giles é filho de George Martin, o maestro e produtor de quase todos os álbuns dos Beatles, considerado o quinto elemento da banda. Aos 39 anos, depois de assumir o posto do pai na preservação do legado musical dos Beatles e criar remixes dos garotos de Liverpool para a trilha do espetáculo Love do Cirque du Soleil, Giles chegou a relutar quando o convidaram para montar um jogo dos Beatles com instrumentos de plástico. Mas não demorou para mudar de ideia ao notar que a brincadeira poderia tornar mais intensa a relação das pessoas, em especial os mais jovens, com a música.

Dhani Harrison, de 31 anos, filho do ex-beatle George, foi quem se deu conta do potencial que estava guardado a sete chaves nos cofres da Abbey Road. Depois de passar dias e noites de 2006 grudado em uma guitarra de mentirinha (apesar de saber tocar uma de verdade, como faz em sua banda thenewno2), resolveu expor sua ideia ao executivo Van Toffler da MTV. Por que não permitir aos jovens entrar no mundo dos Beatles? (É isso que o game faz: com um instrumento console, o jogador simula ser da banda e vai passando de fase de acordo com a dificuldade de acompanhar os acordes e o ritmo.) Van Toffler apresentou a ideia ao cofundador da Harmonix Music Systems, Alex Rigopulos, empresa que desenvolveu o Rock band e o Guitar hero originais – os videogames pioneiros em usar os controles de videogames como guitarra, baixo, bateria e microfone.

Era fácil prever o sucesso do game, ainda mais pelo fato de os Beatles não terem catálogo legal disponível no iTunes ou outro programa de venda on-line. Faltava apenas convencer os acionistas do legado bilionário – que tardaram, mas não falharam. Yoko Ono, viúva de John Lennon, Olivia Harrison, viúva de George e mãe de Dhani, e os próprios Paul McCartney e Ringo Starr decidiram abraçar o poder dessa mídia em constante ascensão, capaz de assegurar a imortalidade dos Fab Four.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

HORA MUNDIAL (Clique sobre o país ou região)

SEGUIDORES