Suplicy dá cartão vermelho a Sarney e bate boca com Heráclito Fortes
Petista pediu saída de José Sarney da presidência do Senado.
Líder do DEM disse que cartão vermelho deveria ser para Lula.
Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Heráclito Fortes (DEM-PI) protagonizaram um bate-boca de cerca de 20 minutos no Senado nesta terça-feira (25) após o petista pedir a renúncia de José Sarney (PMDB-AP) da presidência da Casa. Da tribuna do Senado, Suplicy deu “cartão vermelho” a Sarney e a Heráclito. O primeiro secretário da Mesa Diretora rebateu, dizendo que ele deveria dar cartão vermelho ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O arquivamento [das ações contra Sarney] no Conselho de Ética não resolveu. Para voltarmos à normalidade, o melhor caminho é que sua excelência renuncie ao cargo do Senado”, disse Suplicy da tribuna, um dia depois de interromper um discurso de Sarney para questioná-lo sobre a crise na Casa.
O petista disse que avisou Sarney que trataria do tema na tribuna do Senado. "Tendo avisado o presidente Sarney que ia discursar, venho a esta tribuna reiterar que não vejo como o senador Sarney continue na presidência enquanto não explicar satisfatoriamente todos os fatos contidos nas representações perante o Conselho de Ética." Sarney não estava no plenário quando Suplicy foi à tribuna.
Suplicy recorreu à figura de um juiz de futebol para dar "cartão vermelho" a Sarney. “O melhor passo para a saúde do Senado e do próprio Sarney é simbolizado neste cartão vermelho. Que ele deixe a presidência do Senado permitindo que o Senado volte aos seus trabalhos normais”, disse.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE) saiu em defesa de Sarney. "Estão enxovalhando a imagem do Senado Federal. O presidente Sarney foi julgado. E o julgamento foi pelo arquivamento das acusações", afirmou. “Nem se precisa se afastar da presidência, nem precisa de investigação. Isso é inteligência mediana.”
Logo em seguida, chegou ao plenário
Heráclito Fortes. Ao rebater Suplicy dizendo que ele não estava sendo sincero, a sessão acabou virando um bate-boca entre os dois senadores. “O senador sabe que eu falei a verdade. A mim, ética é muito importante”, declarou, aos gritos, Suplicy. “Vossa excelência quer desviar o assunto. Heráclito Fortes não está sendo justo comigo dizendo que não fui sincero”, afirmou, levantando o cartão vermelho para o senador do DEM.
“Vou mostrar que vossa Excelência não está sendo sincero. Vossa Excelência permite?”, indagou Heráclito. “Nunca lhe vi tão nervoso”, disse o senador do DEM. “Zezinho, um suco de maracujá para o senador, urgente”.
“Vossa excelência se arvora de um direito de juiz que não é para dar cartão vermelho, inclusive a mim”, disse Heráclito. “Claro. Se Vossa Excelência quer distorcer o fato, eu lhe apresento o cartão vermelho” rebateu Suplicy, mostrando o cartão.
A partir daí, Heráclito começou a gritar também. “Vossa Excelência devia guardar esse cartão vermelho para apontar para o presidente Lula, que é o responsável por essa crise toda. E Vossa Excelência não teve coragem de apontar o vermelho. Cartão vermelho para o presidente Lula, que foi quem invadiu o campo, quem invadiu as dependências do Senado. Cartão vermelho para o presidente Lula, que deu cartão amarelo para o líder do seu partido, o [Aloizio] Mercadante.
Heráclito se referia ao anúncio feito pelo líder do PT no Senado, que chegou a anunciar sua saída do cargo, mas recuou após encontro com o presidente Lula.
“Não queira ser juiz de futebol. Levo esse cartão vermelho que me deu como um troféu”, afirmou Heráclito. Segundo ele, Suplicy “só vê para a frente, não vê para os lados”.
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