27 de mar. de 2008

ARTE NO RIO TIÊTE EM SÃO PAULO


Srur faz arte no rio Tietê e alerta para degradação da cidade
Por Fernanda Ezabella
SÃO PAULO (Reuters) - Talvez você nunca tenha ouvido falar em Eduardo Srur, mas se mora em São Paulo já deve ter se deparado -- não sem surpresa -- com alguma de suas obras inusitadas, instaladas em espaços públicos da cidade.
O artista, que em 2004 colocou, sem autorização, uma âncora no barco do Monumento às Bandeiras, inaugura nesta quarta-feira seu trabalho mais recente e impactante, formado por 20 esculturas de garrafas de 10 metros, espalhadas em 1,5 km das margens do rio Tietê, da ponte do Limão à da Casa Verde.
Outros projetos inéditos de Srur prometem chamar a atenção dos paulistanos, incluindo uma intervenção no Masp e a instalação de salva-vidas em 15 monumentos públicos, como a estátua de Borba Gato, na zona sul da cidade.
As esculturas infláveis do Tietê, que serão iluminadas por dentro das 18h às 21h até fim de maio, imitam as garrafas de plástico conhecidas como "pet" e que são facilmente detectadas no meio dos lixos e resíduos da superfície do rio.
Srur (www.eduardosrur.com.br) passou 15 meses visitando as margens do Tietê para realizar esta nova intervenção, um desdobramento de sua obra no rio Pinheiros de 2006, quando levou para as águas poluídas 100 caiaques e 150 manequins.
"Resolvi dar continuidade a essa questão da poluição dos rios da nossa cidade, da falta de consciência da população", disse o artista à Reuters, ao lado de uma garrafa gigante.
"A cidade nasceu e se desenvolveu em função do rio Tietê. E a gente recompensou matando o rio", disse. "São espaços urbanos óbvios, só que ninguém vê."
As obras foram feitas de PVC e trama de nylon e são sustentadas cada uma por uma plataforma de 2.000 garrafas pet de dois litros, que farão as esculturas boiarem no caso do nível das águas do rio subir com as chuvas.
As garrafas serão protegidas por uma equipe de segurança 24 horas por dia, para impedir danos e furtos de material, como já aconteceu durante os testes, quando levaram cabos elétricos.
No final da mostra, as esculturas vão passar por um processo de higienização e serão transformadas em 2.000 mochilas, a serem doadas. Já as garrafas pet voltarão às cooperativas

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