29 de jan. de 2009
OS TREINADORES QUE SE CUIDEM NA EUROPA
Estabilidade como treinador? Na Europa, coisa do passado
Por Sérgio Rizzo
Seis meses depois de assumir o PSV Eindhoven, atual tetracampeão holandês, o treinador Huub Stevens pediu demissão, alegando que não houve um “click” entre ele e os jogadores. Longe de ser um episódio isolado, a saída abrupta lembra que o imediatismo no futebol já alcançou há algum tempo os grandes clubes europeus, antes usados como exemplo de planejamento de longo prazo que oferecia aos técnicos a oportunidade de montar equipes com tempo e tranqüilidade.
As coisas não andam bem para o PSV. No campeonato nacional, está em quinto lugar, a 15 pontos de distância do líder, o AZ Alkmaar, faltando 14 rodadas para o final. Na Liga dos Campeões, ficou em quarto lugar no difícil grupo D da fase de grupos e perdeu a vaga na Copa Uefa para o Olympique de Marselha, enquanto Liverpool e Atlético de Madri avançaram para as oitavas-de-final.
É improvável, no entanto, que a responsabilidade tenha sido integralmente de Stevens. Parece muito razoável considerar que, mesmo nas campanhas do tetra, o elenco já era limitado, como demonstraram as campanhas apenas medianas na Liga dos Campeões.
Se Stevens foi contratado, é porque seu currículo inspirava confiança (já havia treinado o Roda e, na Alemanha, passara por Schalke 04, Hertha Berlim, Colônia e Hamburgo) e a diretoria do clube acreditava em sua permanência por um longo período.
De acordo com a lógica dos velhos tempos, o fracasso na atual temporada levaria a uma reformulação na próxima, comandada por ele. De acordo com a nova lógica, muito conhecida no Brasil, vai-se buscar um salvador da pátria a toque de caixa, no meio da temporada, para refazer todo o planejamento.
Alguns treinadores brasileiros já experimentaram recentemente essa “filosofia”, como Vanderlei Luxemburgo, que saiu do Real Madrid (especialista em rifar técnicos, por sinal) quando seu trabalho começava a se estruturar, e Zico, que o Fenerbahçe não quis manter depois de uma histórica campanha na Liga dos Campeões.
É por isso também que Felipão, acostumado a longos períodos de trabalho no Grêmio, no Palmeiras e em Portugal, no Chelsea se descobriu mais próximo da situação de Huub Stevens do que daquela de Alex Ferguson, o treinador escocês que, exceção das exceções, parece eternizado no Manchester United.
Arsenal, Liverpool e Milan são outros grandes europeus que mantêm políticas de estabilidade para seus treinadores semelhantes à do Manchester, mas aumentou muito nos últimos anos o número de casos em que, mesmo campeão, um treinador recebeu o boné, como no Lyon, na Juventus e no próprio Real Madrid.
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