4 de jan. de 2009

DECIFRANDO O INTERNETÊS



Apesar de causar estranhamento em leigos, o idioma da internet é o preferido dos teens

Para acompanhar o ritmo frenético das conversas online, nada melhor do que criar um idioma próprio, o internetês. Se você é daqueles que atropela as palavras que digita enquanto as janelinhas de bate-papo piscam com a resposta dos amigos, sabe bem do que se trata. Usada inicialmente em chats, essa linguagem caracteriza-se pela simplificação informal da escrita com o objetivo de agilizar a digitação.

Os principais recursos utilizados são abreviações e substituição de letras para diminuir o número de caracteres. O qu vira k, ss vira x e assim por diante. Não é raro encontrar pessoas que usam esse recurso até o limite do compreensível. É o caso de uma menina de 11 anos: "Eu diminuo o máximo que posso, uso abreviações que vi em outros lugares ou invento na hora, mesmo. Às vezes, nem meus amigos não entendem o que escrevo".

O uso de emoticons para expressar emoções humanas, letras maiúsculas para simular gritos e a substituição de acento agudo pela letra H também são comuns. A professora de português Leila Mendes não vê problemas no uso do internetês, desde que haja uma finalidade: "A língua é viva e sempre vai mudar. Mas a mudança tem que ter uma função. Para quê escrever naum em vez de não? Isso não facilita a comunicação, dá mais trabalho, a palavra fica maior".

Sem regras de gramática, as palavras são alteradas, diminuídas ou emendadas obedecendo somente à fonética. Essas adaptações são utilizadas também em messengers, scraps, torpedos de celular e e-mails. As complicações começam quando o internetês transpõe as barreiras do mundo virtual e invade ambientes não apropriados, como a sala de aula.

A professora diz que é comum encontrar abreviações em redações: "Os alunos dizem que isso acontece de forma inconsciente e automática, já que o uso constante gera vício. O papel da escola é colocá-los em contato com a norma padrão, principalmente através do incentivo à leitura", explica ela.

Campeões de abreviação:
Vc - você
Pq - porque
Tb - também
Mto - muito
Kd - cadê
Aki - aqui
loko - louco
Rs, kkk, hahaha - risos
Bjo - beijo

Como as mudanças na língua são inevitáveis, até o internetês já tem variações. É o controverso miguxês. Ao mesmo tempo que possui milhares de adeptos que transformam seus nicks e mensagens em verdadeiros códigos cifrados, possui também opositores radicais. Eu OdEiU GeNTi ki IsKreVi AxIM é uma das maiores comunidades do Orkut, com 232.438 participantes.

Para a professora Leila, o miguxês identifica os participantes de um determinado grupo: "Os adolescentes criam uma nova linguagem que os outros não entendem. Substituem letras, ´enfeitam´ as palavras, o que torna a mensagem mais longa e dificulta o entendimento de quem está de fora". Usado à exaustão pelos emos, na opinião de um garôto de 14 anos, o miguxês reflete características da personalidade de quem faz parte dessa tribo: "Os emos são meigos e na internet, mostram isso pela forma de digitar". Mas será que na hora de falar eles também são fofinhos? "Quando queremos ser carinhosos com nossos amigos, sim!", responde ele.

Defensores da norma culta da língua vêem um futuro desastroso para o português com o uso indiscriminado do internetês. O hábito de tc axim pode fazer surgir dúvidas no futuro com relação a grafia das palavras. Entretanto, respeitados estudiosos com o inglês David Crystal, autor do livro A linguagem e a Internet, lembra que a invenção do telefone provocou a mesma desconfiança. Na época, acreditava-se que as pessoas perderiam a capacidade de expressão com o uso de hã hã e alôs e não foi o que aconteceu.
Texto: Yahoo

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